terça-feira, 27 de julho de 2010

Projeto Político Pedagógico




2. INTRODUÇÃO:
   

A Escola de Educação Infantil Gotinhas de Amor iniciou a construção deste Projeto Político Pedagógico no inicio de 2008. Participaram desta construção: direção, coordenação, pais, funcionários e comunidade, através de reuniões com os  diversos segmentos. Para ampliar subsídios foram enviados questionários aos pais, funcionários e comunidade,  enfatizando a importância da participação de todos nesta trajetória.

Buscamos com este documento apresentar a escola na íntegra e de maneira transparente. A organização do trabalho pedagógico da escola visa a atender os interesses e necessidades da comunidade.

Constam neste documento os aspectos relativos às concepções, finalidades, princípios e filosofia seguida pela escola teoricamente embasada.   

O Projeto Político Pedagógico busca a unidade da totalidade num processo interdisciplinar garantindo a capacitação dos profissionais e o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 5 anos 11 meses.


3. HISTÓRICO:


            A Creche Comunitária Gotinhas de Amor foi criada e é mantida pela Associação das Mulheres Trabalhadoras Domésticas Unidas da Conceição (AMTDUC), que por sua vez tem sua origem nos dois clubes de mães das vilas Pellin e Santa Bárbara. A AMTDUC está localizada no bairro Tristeza em Porto Alegre, na vila Santa Bárbara, com sede na rua Pe. Réus,  nº 787, casa 195. Foi fundada em 28 de setembro de 1992, reunindo como sócias as mulheres trabalhadoras domésticas das referidas vilas, tendo em vista a proximidade geográfica e os mesmos interesses organizacionais. A AMTDUC congrega as mulheres participantes dos grupos de pão, as líderes da Pastoral da Criança, e as mães das crianças da creche.

            A partir de 1983, com a fundação do Clube de Mães Nossa Senhora da Conceição, na vila Pellin, as mulheres viram crescer sua organização, fortalecida pela fundação em 1987 do Clube de Mães Sagrado Coração de Jesus, na vila Santa Bárbara. Os dois clubes tinham seus fornos comunitários para o pão que é partilhado entre as participantes.

    Em 28 de setembro de 1992 foi fundada a AMTDUC e no ano seguinte a creche comunitária Cantinho da Criança, iniciou suas atividades e funcionou até 1998. Em 2000 foi construída pelo DEMHAB a nova sede para a creche, no mesmo terreno da antiga e com recursos do Orçamento Participativo.

     Em 2002 este prédio passa por uma nova reforma, para ampliar o número de salas, e adequação do espaço para o futuro convênio com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA-SMED) e em maio de 2003, é inaugurado o novo espaço com duas novas salas e passando a ser, de fato, conveniada com a SMED.
Em 2006 acontece mais uma pequena reforma, com a construção do refeitório e a sala da coordenação integrada com uma biblioteca. Atualmente ainda estamos em processo de adequação do espaço que ainda não foi concluído por falta de recursos.



3. 1. Linha de tempo: Anos mais importantes.

-    1983: fundação do Clube de Mães Nossa Senhora da Conceição, na Vila Pellin.
-    1984: construção da primeira sede do Clube de Mães Nossa Senhora da Conceição e do 1º forno comunitário.
-    1986: fundação da Associação de Moradores da Vila Pellin.
-    1987: fundação do Clube de Mães Sagrado Coração de Jesus da Vila Santa Bárbara.
-    1989: construção de uma sede e de um forno comunitário para o Clube de Mães Sagrado Coração de Jesus.
-    1992: inicio do trabalho com a Pastoral da Criança na Vila Pellin.
-    1992: fundação da Associação das Mulheres Trabalhadoras Domésticas Unidas da Conceição.
-    1993: fundação da Creche Comunitária “Cantinho da Criança” na Vila Pellin.
-    1994: construção de uma sede maior para a AMTDUC.
-    1995/1996: construção de uma cozinha e de um forno para a nova sede .
-    1998: inicio do trabalho da Pastoral da Criança, na Vila Santa Bárbara.
-    2000: construção, pela Prefeitura do prédio novo da Creche Comunitária, na Vila Pellin.
-    2001: inicio do funcionamento da nova “Creche Comunitária Gotinhas de Amor”.
-    2002: Assinatura do convênio com a PMPA/ SMED.
-    2003: Inauguração do novo prédio em 30 de maio.
-    2006: Construção do refeitório
-    2007- Inicio da construção do pátio nos fundos do prédio (ainda em andamento)
     Todas as conquistas acima relacionadas são frutos do trabalho, da garra e da luta do grupo de mulheres destas vilas, que buscaram através do Orçamento Participativo, de Projetos, de cursos, encontros e capacitação conseguir transformar a situação de suas comunidades e melhorar sua qualidade de vida.





4. DIAGNÓSTICO:


A Escola de Educação Infantil Gotinhas de Amor atende atualmente 30 crianças divididas em 3 turmas e conta com 06 funcionárias, além de uma voluntária, assessora pedagógica e estagiários do Nasca Sul. O atendimento é realizado em turno integral, sendo o horário de funcionamento das 7:30 até às 18hs, de segunda a sexta-feira.

              As crianças atendidas na escola são filhos de moradores das vilas Santa Bárbara e Pellin, situadas no bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre, área nobre, As duas vilas estão situadas em uma área de risco. O espaço de moradia das crianças é exíguo, as casas não têm pátio, não havendo espaço para as brincadeiras, como alternativa para estes momentos, quando não estão na escola utilizam a rua e praças da redondeza, programa realizado principalmente nos finais de semana pela maioria das famílias.

             A Escola pertence à Associação de Mulheres Trabalhadoras Domésticas, mas como a necessidade pelo espaço educativo e cuidado para as crianças é de interesse de todas as moradoras das vilas e estas exercem atualmente diferentes atividades como: Empregadas Domésticas, diaristas, serviços gerais, vendedoras, divulgadoras, cozinheiras, do lar, além de estudantes e desempregadas. Os pais trabalham como: Pedreiros, hidráulicos, cozinheiros, padeiro, carpinteiro, segurança, funileiro, zelador. Oficie boy e autônomos. As famílias são de baixa renda, a formação dos pais vai de analfabetos a ensino médio completo, nenhum com formação superior. (dados coletados para o preenchimento do Censo Escolar 2008).

              Atualmente a estrutura familiar, não é de uma família convencional formada por pai, mãe e filhos. Na comunidade há crianças que convivem com a mãe na casa dos avós, quando não são criados por estes, além de outros parentes como tios, primos, etc. O caso de “mães solteiras” não é incomum, e as famílias convencionais são poucas. Também há casos de crianças com pai preso ou pai assassinado.

             Os pais buscam na escola, um lugar onde possam deixar seus filhos e irem trabalhar sossegados, mas também esperam que as eduque,  se imponha limites e até mesmo estabeleça uma rotina às crianças, pois com uma carga horária extensa no trabalho ou até mesmo com 2a jornada, não encontram tempo para ficar com os filhos, e quando isso é possível acabam por querer suprir sua ausência com presentes além de fazer o que as crianças  pedem para que elas não chorem e acabam por sentirem-se culpados por não poder se fazer presentes no desenvolvimento de seus filhos.
          A maioria dos pais vê a escola infantil (creche), como lugar apenas para os cuidados físicos, de higiene e alimentação e não como um local onde se realiza atividades que abrangem todas as áreas do conhecimento respeitando o desenvolvimento Infantil e  a individualidade das crianças. 

          Visando a conscientização dos pais em relação ao ensino das Escolas de Ed. Infantil e também da importância do vínculo que Escola e família devem estabelecer para a formação de um indivíduo em pleno desenvolvimento social, as Educadoras frisam nas reuniões de pais realizadas bimestralmente, alguns temas, trabalhados em sala de aula que devem ser valorizados pelos pais em suas casas, ressaltando a capacidade que cada criança tem, o seu valor na sociedade e nunca diminuir seus “feitos”.

           A equipe de profissionais da nossa creche tem como formação mínima o curso de Educador Assistente, incluindo a Cozinheira e a Serviços Gerais e formação no Curso Normal.  Algumas moram na comunidade e outras cresceram nela, mas mudando-se para outros bairros posteriormente.




  5. FUNDAMENTOS:


5.1. Filosóficos

               O conteúdo do trabalho sócio-educativo da escola é norteado por esta visão de mundo e de valores individuais vivenciados coletivamente.

                O ser humano é um ser complexo e no período inicial de seu desenvolvimento, dos zero aos seis anos, é que se aprofunda e se intensifica a complexidade  de seu desenvolvimento. E este é o período da permanência na escola, daí seu compromisso e sua responsabilidade. O ser humano tem características únicas em relação às outras espécies vivas: è o único ser vivo que pode pensar, planejar e criar; e tem também como ser humano é semelhante aos outros mas possui uma diversidade individual, que o faz diferente em suas particularidades psíquicas, físicas, culturais  herdadas e desenvolvidas em determinado ambiente físico e social. A unicidade e a diversidade de cada ser humano, sua herança e seu meio  integram-se para o seu desenvolvimento integral, exigindo dos adultos que os cuidam e educam uma estimulação e uma atenção pessoal e permanente.

              É na interação com as outras pessoas que se realiza a aprendizagem, como um processo permanente da vida do ser humano, mas mais intenso e complexo na idade de 0 a 6 anos de vida. Nesta fase se fundam os valores que vão nortear a existência de cada um, valores da solidariedade, do respeito à vida e à natureza. Os valores dão direção à vida, são guias e dão forma à vida humana. Os valores se transformam e amadurecem conforme a experiência da pessoa. Nesta fase as educadoras/es precisam ajudar as crianças no processo de valorização da vida, de respeito aos semelhantes, de solidariedade e de defesa da natureza. A aprendizagem de valores fortalece o processo de educação de cidadania, de vivência democrática, de capacidade de escolha e de tomada de decisões. O trabalho de cuidado e de educação dos pequenos tem como base a aprendizagem de valores que vão nortear suas vidas para uma vivência solidária e feliz. E esta aprendizagem pode se dar a partir das brincadeiras e jogos de regras. Segundo Colombo (19??, pag. 48):

“O inicio da formação da consciência moral é lúdica, provém do brinquedo. Aos poucos, através dos jogos, as crianças vão aprendendo seus direitos e deveres, os rudimentos do exercício da cidadania e o fato de conservarem os brinquedos limpos e bem guardados, porque são de todos, isto é o início da idéia da coisa pública”.

            O desenvolvimento da criança é a conseqüência da integração entre a maturidade da herança genética e a influência e estímulos que recebe do meio físico e social em que vive. Este processo acompanha a criança desde o nascimento e a acompanha pela vida a fora é o processo de aprendizagem, que pode ser formal e informal, e a escola tem o objetivo explícito de estimular este processo em interação com a comunidade onde a escola está inserida. A parceria dos dois agentes educativos, a comunidade-família e a escola é que tem a possibilidades de desenvolver os conhecimentos, a criação de valores e a aprendizagem das suas crianças. A partir desta perspectiva, entendemos que o desenvolvimento não surge do nada, mas é uma construção sobre a base de desenvolvimento que já existe previamente, sendo uma construção que exige o envolvimento tanto da menina como do menino como daqueles que se inter-relacionam com ele ou ela, tratando-se de processos modulados pelo contexto cultural em que vivem.



5.2.Concepção de Infância e Criança


A infância é um momento onde se dá as maiores construções do ser humano. É na infância que adquirimos os conhecimentos mais significantes que levaremos para a vida adulta. Para isto é importante que a criança se desenvolva em um ambiente saudável, que seu desenvolvimento se dê de forma tranqüila, sem conflitos e que as aprendizagens sejam adquiridas de uma forma lúdica. Que haja respeito e cumprimento das necessidades demandadas a cada fase de seu desenvolvimento, respeitando o ritmo de cada criança.
É na infância que o ser humano tem a oportunidade de viver a vida da maneira mais pura, longe de preocupações, cobranças, do preconceito e que o único trabalho que tenham é de brincar e aprender brincando.

A criança é um ser dotado de inteligência desde quando nasce, mas é na interação com o meio onde vive que desenvolverá suas capacidades.



5.3.Concepção de Desenvolvimento Infantil e Aprendizagem


“O desenvolvimento infantil é um processo dinâmico, vivido aos poucos, gradativamente, de modo que a criança acumule experiências e conhecimentos, inserida e integrada ao meio em que vive para que possa despertar e desabrochar suas capacidades e, assim, se realizar plenamente como pessoa.”( Castro, 2004, p:33)

A concepção de Desenvolvimento Infantil da Escola Gotinhas de Amor é baseado no estudo de vários teóricos. Baseando-nos nessas teorias, podemos dar consistência ao trabalho pedagógico e abrangendo as reais necessidades das crianças.

Wallon nos diz que o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação dos fatores de desenvolvimento. Considera que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo).
Para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem.

Erikson concluiu que não se deve apressar o desenvolvimento das crianças, que se deve dar tempo necessário a cada fase do desenvolvimento, pois cada uma delas é muito importante. Ele ressalta que apressar o desenvolvimento pode ter conseqüências emocionais e minar as competências das crianças para sua vida futura.

Seguindo então essas denominações a importância de se respeitar cada fase do desenvolvimento infantil, para uma constituição integral da criança e uma aprendizagem acumulando experiências e conhecimentos inserida e integrada ao meio em que vive e se realiza plenamente como pessoa.
Percebe-se que o processo de aprendizagem não é um fenômeno simples, muito pelo contrário, é um processo complexo. Para entender aprendizagem, portanto, além das bases epistemológicas, devemos conhecer as várias fases do desenvolvimento humano, principalmente das atividades cognitivas, as inteligências múltiplas e como elas se manifestam durante a aprendizagem. Desse modo, nossa escola acredita que aprendizagem e desenvolvimento são indissociáveis.




5.4. Inclusão

“Uma escola inclusiva caracteriza-se, fundamentalmente, pelo compromisso com o direito de todo(a)s a educação , a igualdade de oportunidades e a participação de cada uma das crianças (...) e adultos nas várias esferas da vida escolar. Entende-se por escola inclusiva aquela na qual o ensino e a aprendizagem, as atitudes e o bem-estar de todos o(a)s educando(a)s são considerados igualmente importantes. Ë uma escola na qual não há discriminação de qualquer natureza e que valoriza a diversidade humana como recurso valioso para o desenvolvimento de todo(a)s, uma escola que busca eliminar as barreiras a aprendizagem para educar de forma igualitária todos os meninos e meninas da comunidade. Na escola inclusiva todos são reconhecidos em sua individualidade e apoiados diligentemente em sua aprendizagem.”
(Educar na Diversidade, 2006, pág. 112)

            A escola pensa em uma Educação Infantil, de igualdade de respeito a todos sem diferenças de etnia, gênero e religião, cultura, onde quebra os estereótipos impostos pela sociedade já apresentadas nas ilustrações de livros, através dos ditos populares claramente preconceituosos onde são representados pelas cores preto e branco, onde o branco é do “bem” e o preto do “mal”.
         A partir da Lei n 10.639/03, art. 26 da LDB que instituiu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras em todos as instituições de Educação Básica, incluímos em nosso currículo anual, aulas sobre Cultura Negra com atividades ministradas por uma Professora voluntária que trás objetos de origem africanas, além de contos. A nossa escola possui um acervo de livros de literatura Infantil de contos africanos, utilizados pelas professoras ao longo do ano como parte do planejamento assim como os demais livros, conforme o tema do Projeto em execução e o tema do livro.

            Incluímos no currículo também, aulas sobre a Cultura Indígena, a partir  da vida dos Índios da tribo Kaigang, atualmente instalados no Morro do Osso, perto da escola. Anualmente fazemos uma integração das nossas crianças com as crianças da tribo, realizando um passeio ao morro, onde as crianças da tribo falam sobre seu cotidiano, apresentam suas brincadeiras e os lugares preferidos no mato, mostrando para as nossas crianças que a diversão é possível através de coisas naturais e não através do consumo, além de desmistificar a imagem que as pessoas dos centros urbanos tem de que os Índios “não trabalham”,  mas que na verdade trabalham sim e muito já que tiram seus sustento através de alimentos cultivados por eles mesmos e  também na venda do artesanato feito por eles.
          
       
 6. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO:


             A Escola Gotinhas de Amor está organizada em um imóvel próprio de alvenaria com dois pavimentos em um terreno com espaço limitado (+ ou – 10x10 mt) , sem pátio para as crianças, apenas uma caixa de areia na frente, com uma casinha de madeira de 2 andares com escada para as crianças subir, aproveitando melhor o pequeno espaço. Como espaço alternativo para brincadeiras ao ar livre, utilizamos a praça em frente a creche, mas que também é utilizada pela comunidade.
No andar de baixo, está a sala do maternal, com armários e prateleiras abertas para o acesso das crianças aos brinquedos e jogos a sua escolha. Há também um mezanino onde são guardados os colchonetes separadamente e identificados. Em cima deste, há um espaço para as crianças brincarem, com escada para subir, e fechado com grades de madeiras para a segurança das mesmas. Também com “cantinhos” , como casinha, fantasia e leitura, para maior aproveitamento do ambiente e também mais alternativas em dias de chuva. Dentro da sala do maternal, há um banheiro para uso exclusivo às crianças, com pia e vaso sanitário adequados a  faixa etária, porta papel toalha, sabonete liquido e espelhos na altura das crianças.
Ainda no primeiro andar temos a sala da coordenação juntamente com a biblioteca, com prateleiras com livros didáticos para pesquisas das professoras, livros de literatura infantil e materiais pedagógicos e escolares para acesso de todas a turmas, além de um computador para uso da coordenação e professoras para digitar trabalhos e também como mais uma ferramenta pedagógica para mostrar fotos e imagens às crianças que também freqüentam o espaço conforme planejamento das professoras.
Ao lado, a dispensa onde guardamos os alimentos, com prateleiras, para não pegar umidade nos mesmos. Guardamos também as motocicletas que são utilizados na praça. A lavanderia com máquina de lavar roupas e tanque, onde são lavadas as capas dos colchonetes e fronhas, e também onde  são guardados os produtos de limpeza.
Na parte de trás, temos a cozinha, com acesso restrito a adultos, o local é bem arejado e claro. Ao lado o refeitório com mesas para as turmas e  cadeiras de bebês para as crianças do berçário. O Refeitório também é utilizado como espaço alternativo, nos dias de chuva e como sala de video, tendo uma televisão, dvd e video cassete. Também com banheiro de uso exclusivos às crianças. O banheiro dos adultos fica ao lado, com chuveiro.
No segundo pavimento, encontram-se as salas das turmas do berçário e jardim. A turma do Berçário, possui dois ambientes, um para o momento de descanso, com berços individualizados, um armário para guardar  roupas extras da escola para uso das crianças, um banheiro com o trocador, e uma banheira para uso exclusivos dos bebês. No outro espaço, é onde são realizados os trabalhos pedagógicos, uma mesa, prateleiras com os brinquedos para acesso livre das crianças, um mezanino com escada, cantinhos da casinha e leitura.
              Na turma do Jardim, a sala é ampla, tem uma janela grande e bem arejada. Possui vários “cantinhos” como o da casinha, leitura e escritório, além de um aquário com peixe da raça “beta”, adotado por eles no inicio do ano através de um projeto realizado no semestre. As prateleiras são de acesso a todos os brinquedo, jogos e materiais de uso pedagógicos disponíveis para as crianças. Nas prateleiras aéreas são guardados os materiais de uso da Professora e das crianças conforme a atividade que será proposta. O Mezanino onde são guardados os colchonetes, armário fechado para uso exclusivo da professora, mesas para as atividades e banheiro de uso exclusivo das crianças.


7. ORGANIZACÃO DOS GRUPOS ETÁRIOS:


        Os grupos estão divididos conforme a Resolução 003/01 (Art. 16) do Conselho Municipal de Educação (CME), levando em consideração o espaço físico de cada sala.
         São três turmas que funcionam em turno integral e estão organizadas da seguinte forma:

•    Berçário: 06 crianças (06 meses a 02 anos) e 1 educadora;
•    Maternal: 10 crianças (02 a 04 anos) 1 professora;
•    Jardim: 14 crianças (04 a 06 anos) e 1 professora.

         A enturmação das crianças se dá somente no inicio do ano, pois acreditamos que a criança estabelece um vinculo com o grupo de colegas e sua professora ao longo de sua permanência na turma, e não entenderá a sua troca de turma, podendo até criar traumas.
          A criança segue para turma correspondente a sua idade, somente quando completar sua idade até o dia 28 de Fevereiro.



8. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL


A Escola Gotinhas de Amor, atende a Resolução 003/2001 do Conselho Municipal de Educação quanto à formação mínima dos educadores e a relação adulto - criança.
A equipe profissional da escola compõe assim seu organograma: direção, Coordenador pedagógico, professores, educador assistente, cozinheira e auxiliar de serviços gerais.
A Direção da escola é exercida pela presidente da mantenedora.
Acreditamos que a formação de profissionais que atuam na Educação Infantil é contínua, pois cada turma e cada criança tem características e culturas diferentes. Sendo assim, a equipe de funcionárias da nossa escola participa freqüentemente de cursos, palestras, oficinas e seminários com temas a escolha de cada uma. Além da busca por formação superior ainda não realizada.

A escola não possui profissionais na área da nutrição, psicologia, enfermagem e odontologia atuando diariamente, mas contamos com estagiários que realizam observações, ou atividades com as crianças, professoras e até mesmo com pais, dependendo da demanda observada por eles mesmo ou solicitada pelas funcionárias.

       Contamos atualmente com a Assessoria Pedagógica proporcionada pela SMED atuando junto conosco nas Formações mensais além de freqüentes visitas e eventuais esclarecimentos sobre determinados assuntos demandados pelas educadoras e ou demais funcionárias.


8.2. Atividades

A contação de Histórias da Bíblia, feita pela Dirigente da AMTDUC, é realizada uma vez na semana, focando o contexto de cada história como forma de filosofar sobre a vida e o bem que devemos fazer ao próximo. Esta atividade não é proposta como intuito ou doutrinação religiosa de nenhuma religião especifica. Os pais são informados sobre  esta atividade no ato da matricula e também nas reuniões de pais e  ou responsáveis. Quem participa destes momentos são as turmas de Maternal e Jardim.

       Uma vez ao ano, contamos com uma voluntária, que faz atividades sobre Cultura Africana, geralmente realizada no mês de Novembro, relacionando com o dia da Consciência Negra. Todas as turmas participam realizando atividades propostas através de algum conto africano ou oficinas sobre objetos africanos além de terem contato com objetos originais da África.
        Este tema é abordado com a intenção de trabalhar a cultura negra muito presente na nossa, afim de que todos valorizem esta que é a cultura de antecedentes da maioria de nossa comunidade.



9. PLANEJAMENTO:


     Planejar faz parte da vida do ser humano em todas as fazes e momentos de sua vida. Em uma escola que visa atender e suprir todas as necessidades das crianças e de todos os cidadãos que fazem parte dela, não poderia ser de outra forma, a não ser planejar o cotidiano de várias formas, maneiras e em todos os momentos.
     O planejamento em nossa escola se dá de diferentes maneiras e situações, sempre visando o desenvolvimento e faixa-etária das crianças.

9.1. Ação educativa na escola:

     A ação educativa da nossa escola se dá de uma forma democrática e acessível a todas as idéias socializadas, desde que sempre embasadas e justificadas teoricamente. Ao planejarmos as ações que serão realizadas, fazemos uma reunião com o coletivo das educadoras, se for necessário com as demais funcionárias, para lançamentos das idéias e sugestões conforme a demanda dos assuntos trabalhados. Após o levantamento dos assuntos, é aberto a todas as funcionárias, para esclarecimentos e se necessário for, abrir votação. Esta organização se dá, quando é tratados assuntos relacionados ao funcionamento da Escola, em que envolva todos os presentes no cotidiano. Assuntos como: pauta de reuniões de pais e responsáveis; Demandas de assuntos para serem trabalhados nas Formações; dúvidas em relação a comportamentos de crianças; atitudes a serem tomadas com responsáveis que não respeitam as regras da escola, etc.
       Os planejamento de atividades extra curriculares, como os passeios e atividades realizadas pela comunidade conforme os projetos realizados pelas turmas é decidido com as representantes de cada turma, para planejar as datas, quem irá, quais atitudes tomar para realizar tal evento. Todas opinam e dão idéias. Este mesmo método se dá no planejamento de festas.

       Para os pais é entregue no inicio de cada semestre um cronograma, com datas pré definidas daquele período. Neste, constam as datas das futuras reuniões, formações, festas e feriados. Antes de entregá-lo, é lido para os pais na reunião para caso houver alguma dúvida e ou reprovação de algum evento avisando-os que alguma data ou evento poderão ser modificados ou cancelados, mas que serão avisados  previamente.

        Os planejamentos das turmas são realizados pelas professoras de cada turma visando sempre atender a faixa etária de sua turma mas também o desenvolvimento motor e cognitivo que apresentam seus alunos, sempre respeitando o ritmo de aprendizagem de cada um.
         Este planejamento se dá semanalmente visando sempre atender o tema do Projeto em andamento, além de atender as diversas áreas curriculares.
Acreditamos que os planejamentos são importantes para orientar as educadoras no momento das atividades e qualificar o seu trabalho quanto ao que diz respeito as necessidades que cada turma demanda.
          Os Planejamentos realizados pelas educadoras são registrados em planilhas e as atividades realizadas são registradas no “cadernos de relatórios” bem como os temas trabalhados nas Formações.



9.2. Organização do espaço e tempo:

        A organização do tempo e espaço da nossa escola se dá através de observações do cotidiano de toda a escola e também de levantamentos de idéias e criticas, tanto do coletivo das funcionárias como os pais e principalmente pelas crianças visando a cima de tudo o Desenvolvimento delas. Todos os cuidados para atender as necessidades que o corpo e a mente das crianças necessitam para se desenvolver saudavelmente.
         As salas e os espaços freqüentados pelas crianças, são organizadas de uma forma que a criança se movimente confortavelmente, mas que também desperte a curiosidade e estimule a criatividade, a experimentação, a imaginação e possibilite a convivência com outras pessoas. Tomando cuidados para que os ambientes não sejam todos padrões e haja vida ao ambiente com  cores e  sons e que as crianças aprendam a observar e sentir esses movimentos e que principalmente tenham a livre escolha do que querem fazer ou ir.
          

          Na escola há uma rotina geral, com os horários a ser cumpridos por todos, onde está determinado os horários da chegada, alimentação, repouso, higiene, brincadeiras e atividades  dirigidas. Os horários principais são padrão da escola, mas cada turma tem sua rotina, que deve ser construída e repensada com as crianças. Segundo Barbosa e Horn (2001, pág: 67):
“É importante que cada educador observe o que as crianças brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaços preferem ficar, o que lhes chamam mais atenção, em que momentos do dia estão mais tranqüilos ou mais agitados”.

A partir desse pressuposto, cada educadora tem o livre manejo da rotina de sua turma, sempre com uma combinação prévia nos momentos de reuniões de grupo, cabendo a ela determinar em quais momentos vão ser realizadas as atividades da sala ou do pátio, livres, dirigidas ou coletivas, o momento das brincadeiras e jogos.
        Ressaltando que a rotina da turma do Berçário deve ser respeitada com horários para trocas de fraldas e sono extras, conforme a necessidade do bebê.
       

9.3. Reuniões e formações:

           Reuniões de pais e responsáveis: Acontece bimestralmente, com a presença dos pais ou responsável que possa participar. Nesta reunião é determinados vários assuntos, sempre tentando achar soluções junto aos presentes, além de dar comunicados, avisos  e outros lembretes. Sempre no inicio das reuniões é lido uma mensagem aos pais, ou sobre algum tema que achamos cabíveis para o momento, como alguma data especial, ou sobre coisas da atualidade que de uma certa forma, toque no que diz respeito a educação.
                 Os pais participam dando opiniões junto aos outros em busca de soluções a serem tomadas, para melhorarmos o andamento da escola a cada dia, também são instigados a criticar algo que julgar necessário.
             As reuniões de pais e responsáveis, são bimestrais, sempre nas 2a Sexta-feira do mês, agendadas previamente no “Cronograma de Eventos do Semestre” podendo ser transferida ou antecipada, mas sempre comunicando antecipadamente.

            Reunião com o coletivo das Educadoras: São realizadas sempre que possível, 1 vez por semana. Nesta reunião participam as educadoras e a coordenadora pedagógica para serem tratados assuntos relativo ao dia-a-dia de cada turma. As educadoras expõem as suas demandas para as demais, para que juntas podemos trazer soluções. Também são trabalhados assuntos sobre os Projetos e Planejamentos, para troca de idéias e sugestões. Também são entregues materiais, referentes a assuntos tratados no momento, além de artigos de jornais e revistas que falam sobre problemas da nossa comunidade e do mundo, sempre numa perspectiva de renovação e atualização dos nossos conhecimentos.
             Quando não é possível o encontro de todas as educadoras para esta reunião, os assuntos a serem tratados, são realizados particularmente com a educadora e a coordenadora Pedagógicas.



               Formação:  As formações são realizadas uma vez ao mês, sempre nas 1a Sextas-feiras. Quem participa das formações, são todas as funcionárias da escola. Nestes dias são realizadas momentos de estudos, reuniões sobre assuntos gerais da escola e quando possível, idas a museus, teatros, cinemas ou outros ambientes que propiciem a ampliação da nossa cultura.
             Quando há necessidade de ser trabalhados temas que possam ajudar as educadoras no cotidiano de sua turma, é realizado um levantamento das demandas de cada uma. Para esclarecimentos destes, convidamos a Assessoria da SMED, para nos subsidiar, além de dar idéias e esclarecer demais dúvidas.
              Fazemos também, quando possível, integração com outras Escolas pertencentes a mesma Assessora Pedagógica bem como encontros Regionais, seminários, palestras e demais Cursos oferecidos pela SMED.

10. ORGANIZACÃO DA ACÃO EDUCATIVA:



A organização da ação educativa da Escola Gotinhas de amor se dá a partir da elaboração da Pedagogia de Projetos.
 Para determinar o tema do Projeto a ser trabalhado as professoras observam o desenvolvimento de seus alunos, suas curiosidades, o contexto da realidade da comunidade onde estão inseridas fazendo um paralelo com as necessidades da faixa etária e com as teorias do desenvolvimento infantil planejando atividades a partir dessas observações e de acordo com o interesse das crianças. Conforme  então o que diz Amorim e Lopes (2005, p:62):
“Na organização da ação educativa através de projetos, a chamada pedagogia de projetos, as atividades se relacionam organizadas segundo temas pertinentes à vida das crianças. Os projetos assim desenvolvidos, respeitando o contexto sociocultural das crianças, bem como seus interesses, necessidades e questionamentos, devem possibilitar que elas questionem, criem, estabeleçam relações sociais e compreendam o significado e o funcionamento das coisas e do mundo”

O tempo de duração dos projetos são flexíveis e vão de acordo com o interesse das crianças e da preparação do professor para trabalhar tal assunto, para isto, as professoras fazem uma pesquisa sobre o assunto a ser trabalhado, pesquisando se o tema está de acordo com a fase de desenvolvimento das crianças da sua turma e lêem demais materiais que falam sobre, para um melhor embasamento teórico e segurança na hora de desenvolvê-lo.
Ao determinar o tema do projeto e os objetivos a serem alcançados, elabora-se então o planejamento que são construídos semanalmente e deve abranger as áreas de desenvolvimento, com atividades que desenvolvam o conhecimento físico, lógico-matemático e social.
A aprendizagem através dos projetos se dá em um processo dinâmico, onde professora e crianças são sujeitos essenciais deste, onde ambos são instigados a questionar, pesquisar, construir e também levantar dúvidas e curiosidades que possam levar a outros assuntos.


“Ao professor cabe prioritariamente criar um ambiente propício em que a curiosidade, as teorias, as dúvidas, as hipóteses das crianças tenham lugar, sejam realmente escutadas e operacionalizadas para que haja aprendizagem. (...) É preciso que a sala de aula e a escola tornem-se uma comunidade de investigação, na qual as crianças possam aprender umas com as outras e dialogar com os professores, com os textos, materiais e atividades. Criar conhecimentos e significados com solidariedade social.” (Barbosa, 2004, p:12)

    Ao executar um projeto, as professoras fazem relatórios sobre as atividades planejadas, para refletirem o andamento do mesmo. Relatam como foi a aceitação das crianças diante das propostas, se houve dificuldades e também a sua opinião sobre o que poderia melhorar na sua própria prática e as idéias que ficaram para as próximas propostas de projetos.

   

11. ACOMPANHAMENTO E REGISTRO:


        O acompanhamento avaliativo é realizado ao longo do ano de diversas formas e momentos a partir de Relatórios das atividades realizadas e demais momentos da rotina e também através de um “Roteiro de observação individual das crianças” que consiste em um documento distribuídos as educadoras para que seja observado as crianças no seus primeiros dias de aula na escola em diferentes momentos da rotina, como forma de conhecer a criança e sua bagagem cultural trazida de seu convívio fora antes do seu ingresso na escola. Estas anotações e observações serão de suma importância para a realização das Avaliações que se dão da seguinte forma:

       Duas avaliações das crianças. A primeira é no final do 1o semestre e outra no final do 2º semestre. A primeira consiste em uma espécie de relatório falando sobre como foi a adaptação da criança na escola;  suas conquistas; como está seu convívio e relacionamento com os colegas e com a professora; e seu interesse pelas atividades propostas tanto as individuais quanto as coletivas. Esta avaliação é entregue no mês de Julho aos pais.
       A Segunda é entregue aos pais no mês de dezembro e consiste em relatar suas conquistas desde seus primeiros dias de aula até os dias atuais, com uma breve relação as teorias do Desenvolvimento Infantil, não como uma forma julgadora, mas como de incentivo para os pais dar continuidade do trabalho da escola, em casa no período de férias. Juntamente com esta avaliação final, é entregue um desenho da criança no inicio do ano e outro atual, fazendo um breve comentário sobre o desenvolvimento do desenho.
   
    Este processo de avaliação se dá respeitando a Resolução 003/2001, Art. 31 que diz:
“Na educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.”

         As professoras também realizam uma Auto-Avaliação refletindo sobre sua atuação ao longo do ano. Como foram realizados os projetos e planejamentos, quais os critérios utilizados, se houve dificuldades em relação a materiais e ou com as crianças e se os seus objetivos foram alcançados.

         Também é realizado ao fim do ano letivo, pelas professoras das  turmas, uma espécie de Portfólio, com apresentação das atividades e projetos executados ao longo com ano, com alguns trabalhos realizados pelas crianças e fotos, além de breves  relatórios sobre os passeios e quais os objetivos de cada e de aulas extras-classes com a participação de voluntários.


12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS


•    CASTRO, Elaine de Menezes. Desenvolvimento Infantil e Aprendizagens In. Cadernos Pedagógicos Vol. I. Brasília:2005

•    Lei de Diretrizes e Bases. Resolução 003/2001

•    BARBOSA Maria Carmen Silveira. Por que voltamos a falar e a trabalhar com a Pedagogia de Projetos. In: Projeto- Revista de Educação: Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Ed. Projeto, n.4, 2004.

•    AMORIN Elizabeth e LOPES Maria Helena. A Pedagogia de Projetos e a Mediação do Educador In: Cadernos Pedagógicos Vol. 4. Brasília,: 2005

•    BARBOSA Maria Carmen; HORN Maia da Graça. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil. Ed. Artmed. Porto Alegre:2008

•    MEC, Educar na Diversidade. Material de formação Docente. 3ª Ed. Brasília:2006

•    Revista profissão docente (online) Uberada, v.1, n.1, fev:2001

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